Gaspard Ronsseray, de Londres, superou um rabdomiossarcoma em estágio avançado após um tratamento intensivo, celebrando cinco anos de remissão.
O que parecia ser uma simples dificuldade infantil para ir ao banheiro se transformou no sintoma inicial de um diagnóstico grave para a família Ronsseray, em Hammersmith, Londres. Em 2018, Gaspard, de apenas 3 anos, começou a apresentar prisão de ventre dolorosa e, em seguida, dores em uma das pernas.
Inicialmente, o médico clínico prescreveu medicamentos para constipação. No entanto, a falta de melhora, acompanhada de palidez, perda de apetite, fadiga constante e, crucialmente, um inchaço abdominal, levou os pais a correrem para o hospital. Foi nesse momento que os exames revelaram um tumor e o diagnóstico de rabdomiossarcoma, um câncer raro e agressivo dos tecidos moles.
Tumor de 12 centímetros
As varreduras revelaram a gravidade da situação: um tumor de 12 centímetros localizado entre a próstata e a bexiga. Uma biópsia confirmou o rabdomiossarcoma em estágio três, um tipo de câncer mais comum em crianças, que afeta tecidos moles.
O tratamento foi imediato e exaustivo. Gaspard iniciou um regime de quimioterapia pesada, com internações longas. Segundo sua mãe, Caroline, o menino perdeu 25% do peso e teve sua mobilidade afetada pelo tumor, que pressionava o nervo ciático.
Em uma busca por terapias avançadas, Gaspard viajou para a Flórida, nos Estados Unidos, onde recebeu radioterapia por feixe de prótons de março a maio de 2019. A terapia foi crucial para reduzir o tumor: de 7 centímetros em março para 2-3 centímetros em julho, até que finalmente desapareceu. Em maio de 2024, Gaspard completou cinco anos sem sinais de câncer, um marco que minimiza o risco de reicidiva.
A importância do diagnóstico rápido
Embora o rabdomiossarcoma seja o terceiro sarcoma mais comum, ele é um câncer infantil raro, com menos de 400 casos anuais estimados nos EUA. Cânceres infantis tendem a ser agressivos devido à alta velocidade de produção celular do organismo.
A oncologista pediátrica Mariana Michalowski, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), destaca que a agilidade no diagnóstico é fundamental. No caso de tumores geniturinários, como o de Gaspard, os sintomas podem incluir dor e massa abdominal, dificuldade para urinar, constipação, diarreia e perda de peso sem explicação.
“Quanto antes conseguimos identificar a doença, maiores são as chances de que a criança ou o jovem esteja menos adoecido, com uma doença mais localizada, o que significa um tratamento menos intensivo,” pontua a Dra. Michalowski, reforçando que o câncer da infância e da juventude é uma doença curável.
O tratamento, que geralmente envolve uma equipe multidisciplinar e combina cirurgia, quimioterapia e radioterapia, oferece boas chances de recuperação sem sequelas e com baixo risco de recorrência para a maioria das crianças.