O trabalho da Polícia Civil de Alagoas (PCAL) no enfrentamento às fraudes digitais ligadas a plataformas ilegais de apostas foi destaque nesta terça-feira (10) na CPI das Apostas, em andamento no Senado Federal. O delegado Lucimério Campos foi convidado a relatar as experiências e os resultados das operações Game Over e Game Over 2, conduzidas pelo estado.
As investigações ganharam projeção nacional por revelarem o envolvimento de influenciadores digitais na promoção de casas de apostas clandestinas. Um dos principais esquemas descobertos consistia no uso de “contas demonstração” fornecidas pelas próprias plataformas para simular lucros irreais em vídeos promocionais. A prática servia como isca para enganar seguidores e incentivá-los a apostar dinheiro real, com promessas enganosas de ganhos rápidos.
O ponto de partida das apurações foram boletins de ocorrência registrados por vítimas em Alagoas. Só na primeira fase da operação, os prejuízos identificados ultrapassaram R$ 15 milhões. As ações também resultaram em acordos de colaboração premiada e iniciativas de reparação, como o compromisso assumido por um dos investigados de construir uma nova sede para a Delegacia de Estelionatos.
De acordo com dados reunidos pela CPI, o setor movimentou entre R$ 89 bilhões e R$ 129 bilhões no Brasil apenas em 2024, revelando um crescimento expressivo e um campo fértil para fraudes. A atuação da PCAL foi apontada como exemplo de apuração bem-sucedida e contribuiu diretamente para a elaboração de propostas legislativas da comissão.
Entre as recomendações do relatório final da CPI, estão a criminalização da publicidade predatória relacionada a apostas e o fortalecimento dos mecanismos legais para responsabilizar tanto os influenciadores quanto as plataformas envolvidas.
A Polícia Civil de Alagoas reiterou seu compromisso com a repressão qualificada aos crimes digitais e destacou a importância da articulação entre estados e governo federal no combate às fraudes no ambiente virtual.