Tradicionalmente marcada por desafios estruturais, a região Nordeste do Brasil tem mostrado sinais concretos de reconfiguração econômica, com avanços em produtividade, diversidade setorial e participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. É o que aponta o Info Nordeste 2025, relatório da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), que mostra um panorama otimista da economia nordestina.
Em 2024, o Nordeste tem uma população estimada em 57,1 milhões de pessoas, o que representa 26,9% da população brasileira. Apesar da forte presença demográfica, sua fatia no PIB ainda é proporcionalmente menor, 13,8% do total nacional, conforme dados de 2022. No entanto, a região tem crescido economicamente em ritmo superior ao demográfico, o que indica ganhos reais de produtividade e maior relevância no cenário econômico nacional.
A economia nordestina somou R$ 1,388 trilhão em 2022, segundo reportagem da jornalista Patrícia Raposo, da Folha de Pernambuco. A Bahia lidera com folga a atividade econômica regional, com 29% do PIB nordestino, seguida por Pernambuco (17,7%), Ceará (15,4%) e Maranhão (10,1%). Juntos, esses quatro estados concentram mais de 70% da riqueza gerada no Nordeste. Com participações mais modestas no PIB do Nordeste, aparecem o Rio Grande do Norte (6,8%), a Paraíba (6,2%), Alagoas (5,5%), o Piauí (5,2%) e Sergipe (4,1%).
A recuperação gradual do PIB regional desde os anos 2000, saindo de 13,1% em 2002 para o atual patamar de 13,8%, está relacionada a fatores como a expansão dos serviços, o fortalecimento do agronegócio em áreas como o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), além de investimentos em energia e infraestrutura digital.
Na indústria de transformação, observa-se uma forte concentração produtiva, mas com especificidades por estado. A Bahia se destaca na produção de químicos (16,6%), alimentos (17,7%) e derivados de petróleo (12,7%). Pernambuco tem forte presença na indústria automotiva (28%) e química (15,8%). O Piauí lidera na fabricação de bebidas (47,6%), enquanto o Maranhão se sobressai em papel e celulose (25,7%) e bebidas (22,7%). Já a Paraíba diversifica com artefatos de couro (19,7%), minerais não metálicos (16,1%) e alimentos.
Outros estados como Alagoas, Sergipe e Ceará também apresentam forte presença industrial, especialmente nas áreas de produção alimentícia e química, o que evidencia um processo de diversificação que pode tornar a economia regional menos vulnerável a choques específicos de setor ou localização.