Fórum empresarial em Pequim marca nova etapa de cooperação entre os países; Lula se reúne com Xi Jinping nesta terça-feira (13)

A China anunciou a intenção de investir R$ 27 bilhões no Brasil, com foco em áreas estratégicas como delivery, energia renovável, mineração e mobilidade elétrica. O anúncio foi feito por Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), após um fórum entre empresários chineses e brasileiros realizado nesta segunda-feira (12) na capital chinesa.
A iniciativa faz parte da missão internacional liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que desembarcou na China acompanhado de 11 ministros, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de parlamentares e cerca de 200 empresários.
Entre os principais aportes anunciados, destacam-se:
R$ 6 bilhões da Great Wall Motors (GWM), montadora chinesa de veículos elétricos, para expansão de suas operações no Brasil;
R$ 5 bilhões da Meituan, gigante do delivery, que pretende atuar com o aplicativo Keeta, gerando até 4 mil empregos diretos e 100 mil indiretos;
R$ 3 bilhões da CGN, estatal chinesa de energia nuclear, para construção de um hub de energia renovável no Piauí;
R$ 5 bilhões da Envision para instalação do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, com foco em SAF (Combustível Sustentável de Aviação), hidrogênio verde e amônia verde;
R$ 3,2 bilhões da rede de sorvetes Mixue, que estreará no Brasil com a promessa de gerar até 25 mil empregos até 2030;
R$ 2,4 bilhões da mineradora Baiyin Nonferrous, que adquiriu a mina de cobre Serrote, em Alagoas.
Outros investimentos incluem R$ 650 milhões da Longsys em fábricas de semicondutores em São Paulo e Amazonas, além de R$ 350 milhões para a construção de uma plataforma industrial de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), fruto de uma parceria entre a brasileira Nortec Química e três empresas chinesas.
A gigante chinesa DiDi, que atua no Brasil por meio da empresa 99, também pretende expandir sua atuação no delivery e instalar 10 mil pontos públicos de recarga para veículos elétricos.
A ApexBrasil também celebrou acordos para promoção do café brasileiro, parcerias com o cinema nacional e apoio à entrada de produtos brasileiros no varejo chinês.
China: principal parceiro comercial e investidor asiático do BrasilDurante o evento, o presidente Lula destacou a importância do estreitamento das relações com a China.
“Na última década, a China saltou da 14ª para a 5ª posição no ranking de investimento direto no Brasil. Trata-se do principal investidor asiático em nosso país, com estoque de mais de US$ 54 bilhões”, afirmou.
Lula também enfatizou a necessidade de diversificação nas relações comerciais, aproveitando o contexto da guerra comercial entre Estados Unidos e China para ampliar as exportações brasileiras.
“A China tem sido tratada como inimiga do comércio mundial, quando, na verdade, tem sido parceira dos países esquecidos pelos grandes centros econômicos”, afirmou o presidente.
A ApexBrasil mapeou 400 oportunidades de negócios com o país asiático, com destaque para o agronegócio. Durante a agenda, associações brasileiras devem inaugurar um escritório em Pequim para facilitar negociações, sobretudo na área de exportação de carnes.
Expectativa de novos acordos
Nesta terça-feira (13), Lula se reúne com o presidente chinês Xi Jinping para discutir os próximos passos da parceria bilateral. A expectativa é de assinatura de novos acordos comerciais, tecnológicos e culturais. O cronograma inclui ainda um encontro com representantes da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
A viagem marca o terceiro encontro entre Lula e Xi Jinping desde o retorno do petista à Presidência em 2023 e reforça a posição estratégica do Brasil nas relações internacionais.