Uma carona concedida pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, à primeira-dama Janja da Silva e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB), gerou questionamentos jurídicos e políticos e motivou uma representação junto ao Ministério Público Federal (MPF).
A informação foi revelada nessa segunda-feira (30/6) e rapidamente repercutiu entre parlamentares da direita. O deputado federal Kim Kataguiri protocolou uma representação no MPF pedindo a apuração de possível uso indevido da aeronave oficial. Segundo Kataguiri, a viagem pode configurar ato de improbidade administrativa por parte de Lewandowski.
“A utilização de aeronave da FAB por agente público sem vínculo funcional direto ou atribuição institucional formalizada, e por autoridade do Judiciário fora de agenda oficial, pode caracterizar grave desvio de finalidade administrativa”, argumentou o parlamentar.
A carona também gerou reações de integrantes da bancada bolsonarista. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, ironizou a situação ao lembrar da recente derrota do governo Lula na votação do decreto do IOF: “Já pagou seus impostos hoje?”, publicou nas redes sociais ao compartilhar a notícia.
Já o deputado Nikolas Ferreira direcionou suas críticas ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. “Nem disfarça. Fico imaginando o teor das conversas entre ambos ao longo da viagem. O nível de imoralidade e de parcialidade demonstrado por esse senhor não tem limites”, escreveu o parlamentar, referindo-se à presença de Moraes e Janja no mesmo voo.
De acordo com registros da Aeronáutica, a aeronave da FAB decolou de Brasília às 9h15 e pousou em Congonhas, São Paulo, às 10h50, com 12 passageiros a bordo. Nem o Ministério da Justiça nem a FAB divulgaram oficialmente a lista de passageiros, mas imagens obtidas pela imprensa mostraram Janja e Moraes desembarcando juntos, ao lado de Lewandowski e seguranças.
A assessoria da primeira-dama confirmou que Janja viajou no voo e afirmou que a carona foi para uma consulta médica ginecológica em São Paulo. Segundo a nota, a viagem não gerou custos adicionais para a União, já que o avião já havia sido requisitado pelo ministro da Justiça.
Até o momento, o Ministério da Justiça e o Supremo Tribunal Federal não se manifestaram oficialmente sobre o caso. O espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos por parte de Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes.