O Brasil é o primeiro país fora dos Estados Unidos a testar uma tecnologia que pode revolucionar o diagnóstico do câncer. Trata-se da MasSpec Pen System, uma espécie de “caneta” capaz de identificar, em tempo real, se um tecido é cancerígeno ou não. O estudo clínico está sendo conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e envolverá 60 pacientes com tumores de pulmão e tireoide ao longo de 24 meses.
A tecnologia foi desenvolvida pela startup norte-americana MS Pen Technologies, fundada pela química brasileira Lívia Eberlin, professora na Baylor College of Medicine.
Durante a cirurgia, o funcionamento é simples: basta encostar a ponta do dispositivo no tecido suspeito. A caneta libera uma gota de água estéril, que coleta moléculas da superfície e as direciona a um espectrômetro de massas. Com apoio de inteligência artificial, o sistema compara o perfil molecular com um banco de dados e gera o diagnóstico em até 90 segundos.
Segundo o presidente do Einstein, Sidney Klajner, a iniciativa reforça o papel da instituição na incorporação de tecnologias inovadoras:
“Ser a primeira organização fora dos Estados Unidos a realizar esse estudo clínico fortalece nosso compromisso com a pesquisa, a excelência médica e o cuidado centrado no paciente.”
Impacto na medicina oncológica
Atualmente, a confirmação do tipo de tumor depende de biópsias e análises laboratoriais, um processo que pode levar dias. A nova tecnologia elimina essa espera, permitindo que cirurgiões decidam imediatamente quais áreas devem ser removidas e quais tecidos podem ser preservados.
Para o diretor de sistemas de saúde do Einstein, Eliezer Silva, a novidade pode mudar a forma como as cirurgias oncológicas são conduzidas:
“A incorporação da MasSpec Pen ao centro cirúrgico, ainda que em protocolo de pesquisa, traz a capacidade de obter diagnósticos em tempo real, torna os procedimentos mais precisos e seguros, aumentando as chances de melhores desfechos clínicos.”
Os cânceres de pulmão e tireoide foram escolhidos para o ensaio porque oferecem maior acessibilidade cirúrgica e já contam com algoritmos bem treinados para detecção. Para validar os resultados, os diagnósticos obtidos pela caneta serão comparados ao exame anatomopatológico, padrão-ouro da oncologia.
Além da detecção de células malignas, os pesquisadores avaliam o potencial da tecnologia para identificar biomarcadores imunológicos, o que pode abrir caminho para tratamentos cada vez mais personalizados e eficazes contra o câncer.
Fonte: Jornal Extra de Alagoas