O jornal norte-americano The New York Times publicou, nesta sexta-feira (12), um artigo de opinião afirmando que o “Brasil teve sucesso onde os Estados Unidos falharam”. A análise foi feita após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão, por liderar uma trama golpista para tentar se manter no poder após a derrota eleitoral de 2022.
Segundo os autores do texto, Steven Levitsky, professor de Harvard, e Filipe Campante, professor da Universidade Johns Hopkins, o caso brasileiro contrasta com a situação do ex-presidente americano Donald Trump.
“Esses acontecimentos contrastam fortemente com os Estados Unidos, onde o presidente Trump, que também tentou anular uma eleição, foi enviado não para a prisão, mas de volta à Casa Branca”, escreveram.
O artigo cita ainda que Trump “não se limitou a criticar o esforço do Brasil em defender a democracia: ele também a puniu”, em referência às sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelo governo norte-americano.
“Em suma, o governo Trump tem buscado usar tarifas e sanções para intimidar os brasileiros a subverter seu sistema jurídico, e, consequentemente, sua democracia”, analisou o texto.
Os autores destacam que a decisão brasileira responsabiliza um ex-presidente por tentativa de golpe de Estado, algo que os Estados Unidos não fizeram após os esforços de Trump para anular a eleição de 2020, culminando na insurreição de 6 de janeiro de 2021.
“Trump violou a regra fundamental da democracia quando se recusou a aceitar a derrota na eleição e tentou anular os resultados”, apontou o jornal.
O artigo ainda compara as ações de Bolsonaro às estratégias de Trump, afirmando que o ex-presidente brasileiro “inspirou-se fortemente no manual de Trump”. Por fim, os autores concluem que “a democracia brasileira é hoje mais saudável do que a americana. Conscientes do passado autoritário do país, as autoridades judiciais e políticas brasileiras não deram a democracia por garantida”.
No Brasil, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro com placar de 4 a 1: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram pela condenação, enquanto Luiz Fux votou pela absolvição. A decisão ainda pode ser questionada por recursos limitados previstos em lei, mas não permite rever integralmente a sentença.