Com a ascensão do Centrão nas últimas eleições e a queda de popularidade do governo Lula em pesquisas recentes, cresce entre conselheiros e integrantes do PT a defesa de uma reforma ministerial. O objetivo seria reorganizar a equipe de ministros para ampliar o apoio no Congresso e consolidar alianças estratégicas visando à reeleição em 2026.
Ajustes na base aliada
Um dos principais focos dessa reorganização seria o fortalecimento de vínculos com partidos como PSD, União Brasil e Republicanos, que ocupam ministérios, mas não possuem compromisso sólido com o projeto petista. Além disso, há propostas para ampliar o espaço do PP, partido que tem como líderes o senador Ciro Nogueira e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Embora tenham apoiado Jair Bolsonaro em 2022, ambos têm demonstrado maior pragmatismo na atual conjuntura.
Arthur Lira no centro das negociações
Arthur Lira, apontado como o parlamentar mais influente do Brasil, desempenha papel central nas articulações. Recentemente, ele garantiu a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como sucessor na presidência da Câmara a partir de 2025, reafirmando sua liderança no Centrão. Nos bastidores, aliados sugerem que Lula ofereça a Lira um ministério estratégico como forma de fortalecer a governabilidade e viabilizar pautas prioritárias no Congresso.
No entanto, a definição de qual pasta seria destinada a Lira representa um desafio. Embora no passado tenha demonstrado interesse no Ministério da Saúde, alternativas como Portos e Aeroportos ou Esporte foram oferecidas, mas não agradaram ao alagoano. Por outro lado, Lula hesita em abrir mão da Saúde, apesar das críticas à gestão de Nísia Trindade.
Eleições e o impacto nas negociações
A proximidade da eleição presidencial de 2026 também complica as articulações. Uma reforma ministerial demandaria maior empenho dos ministros na interlocução com o Congresso e no enfrentamento político com a oposição. Para Lula, a dúvida é se Lira estaria disposto a firmar um compromisso tão cedo em um cenário político instável.
Nesse contexto, a reforma ministerial é vista como um movimento estratégico, que exige cálculos precisos para garantir estabilidade no presente e consolidar força eleitoral no futuro. Com a necessidade de equilibrar interesses partidários e políticos, o governo enfrenta um verdadeiro jogo de xadrez para assegurar sua base e pavimentar o caminho para a reeleição.