A Argentina está prestes a dar um passo decisivo na reconfiguração de sua política comercial internacional. Desde abril, o presidente Javier Milei vem articulando um acordo de livre comércio com os Estados Unidos que pode garantir isenção tarifária para até 80% das exportações argentinas — um movimento que, se concretizado, terá impactos significativos na economia do país.
A negociação ganhou novo impulso com a prorrogação da trégua tarifária por parte do presidente norte-americano Donald Trump. O benefício, que agora vai até 1º de agosto, abre uma janela estratégica para os dois países alinharem interesses e fecharem um tratado robusto. Segundo o jornal argentino Clarín, “Trump estendeu a trégua tarifária ao país sul-americano até 1º de agosto”.
O acordo prevê tarifa zero para cerca de 100 produtos argentinos, com destaque para itens como vinho, limão e algodão. No entanto, setores como o de alumínio e aço devem continuar arcando com tarifas elevadas, mantidas em 50%. A proposta em discussão tem como base um Acordo de Complementação Econômica (ACE) iniciado ainda no governo Biden, mas as conversas só avançaram com maior consistência após o fim da gestão de Alberto Fernández e a superação de impasses diplomáticos entre os dois países.
Hoje, os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações argentinas, atrás apenas do Brasil. Do total de US$ 70 bilhões exportados anualmente pela Argentina, cerca de US$ 6,5 bilhões têm como destino o mercado americano — número que pode crescer significativamente com a eliminação das tarifas.
De acordo com o portal Infobae, o chanceler argentino Gerardo Werthein esteve recentemente em Washington para uma rodada de negociações com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O encontro teria selado avanços importantes rumo a um tratado mais amplo de livre comércio. Segundo a publicação, Trump pretende eliminar não apenas as tarifas, mas também as barreiras não tarifárias às exportações americanas para a Argentina, com o objetivo de fortalecer laços estratégicos e evitar vulnerabilidades em meio às disputas comerciais com a China.
Se concretizado, o acordo pode reposicionar a Argentina no cenário global, alinhando-a a uma das principais potências econômicas do mundo e fortalecendo suas cadeias produtivas em setores-chave. Para Milei, a possível assinatura do tratado é mais do que uma conquista diplomática: representa a chance de recolocar o país no radar de investimentos internacionais e consolidar um novo modelo de inserção externa.