As equipes responsáveis pela retirada do ônibus que despencou em um penhasco na Serra da Barriga, em União dos Palmares (AL), seguem empenhadas em uma operação complexa e arriscada, que já se estende por cinco dias consecutivos. O veículo, envolvido em um trágico acidente ocorrido em novembro de 2024 e que tirou a vida de 20 pessoas, começou a ser removido apenas sete meses após a tragédia.
O trabalho para resgatar o ônibus do desfiladeiro de cerca de 200 metros de altura começou no último dia 25 de junho. Até o momento, os profissionais conseguiram içar o coletivo até aproximadamente 40 metros. Diante dos desafios impostos pelo terreno acidentado e pela dimensão do veículo, as equipes optaram por cortar o ônibus em duas partes, medida necessária para prosseguir com a operação.
Além dos obstáculos naturais, a retirada já registrou um incidente: no primeiro dia, o operador de um caminhão-guincho foi atingido por um cabo de aço que se partiu durante o trabalho, deixando-o desacordado. O serviço está sob responsabilidade de uma empresa privada contratada emergencialmente e conta com o apoio de bombeiros militares.
Pressão judicial e cobranças por providências
A remoção do ônibus foi determinada pela Justiça em abril deste ano, em resposta a uma ação do Ministério Público de Alagoas (MPAL). A decisão previa que o veículo fosse retirado em até 72 horas. No entanto, o prazo foi descumprido. Em audiência realizada em junho, a Prefeitura de União dos Palmares apresentou um plano para contratação do serviço, evitando multas até o dia 21 daquele mês. Já o governo estadual permanece sendo multado em R$ 5 mil por dia devido à ausência de providências no caso.
Paralelamente, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o acidente em março. O relatório técnico apresentado detalhou a dinâmica do ocorrido, mas não apontou responsáveis pela tragédia.
O acidente
O fatídico episódio ocorreu em 24 de novembro de 2024. O ônibus, cedido pela Prefeitura para transporte gratuito de moradores ao evento “Pôr do Sol na Serra”, perdeu o controle durante a subida da serra e despencou na ribanceira. Além das 20 vítimas fatais, 18 passageiros ficaram feridos. O coletivo, que tinha capacidade para 37 pessoas, transportava número superior ao permitido.
Agora, a expectativa é que, com o avanço da operação de remoção, o veículo passe por perícia completa, na esperança de esclarecer pontos ainda nebulosos sobre o acidente que comoveu o estado.