O Palácio do Planalto empenhou R$ 667,4 milhões em emendas parlamentares individuais desde sábado (14), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu‑se com o presidente da Câmara, Hugo Motta, ministros e líderes aliados. O valor representa um salto de R$ 516,3 milhões em relação aos R$ 151,1 milhões registrados na sexta‑feira anterior (13).
A liberação emergencial ocorre em meio ao descontentamento de deputados e senadores com a lentidão no pagamento das emendas, considerada, por eles, condição essencial para bancar compromissos nos estados. Na semana passada, Motta telefonou à ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, cobrando agilidade. Hoffmann atribuiu o atraso ao cronograma apertado do Orçamento de 2025.
Os empenhos contemplam exclusivamente emendas individuais, indicações feitas de forma autônoma por cada parlamentar ao Orçamento da União. Do total já liberado, R$ 535 milhões foram alocados no Ministério da Saúde, enquanto R$ 53 milhões direcionam‑se ao Ministério da Agricultura e Pecuária, segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) e do portal Siga Brasil.
Líderes do Congresso atribuem a liberação recorde ao clima de crise entre Legislativo e Executivo. O mal‑estar ficou evidente na recente derrota do governo na votação de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que buscava sustar o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) proposto pela equipe econômica. A derrota turbinou ameaças de obstrução e reforçou as cobranças pelas emendas.
Nos bastidores, aliados admitem que o Planalto corre para destravar ainda mais recursos antes das próximas votações econômicas, na tentativa de reaproximar sua base e evitar novas derrotas.
A equipe política do governo planeja continuar o “mutirão” de empenhos ao longo de junho. Parlamentares, porém, querem a rápida transformação desses empenhos em pagamento efetivo, etapa que ainda depende de disponibilidade de caixa.