Em sessão solene realizada na manhã desta sexta-feira (24), na Câmara de Maceió, o vereador Allan Pierre (MDB) homenageou com a entrega da Comenda Tia Marcelina, o babalorixá e presidente do Instituto Guerreiros de Jorge, Marcos Firmino de Oliveira, conhecido popularmente como Pai Marcos. Líderes religiosos da comunidade do Candomblé marcaram presença no Plenário do poder legislativo.
Na entrega da honraria, Allan Pierre parabenizou o Pai Marcos pela liderança que exerce junto à comunidade do Candomblé e pelo trabalho social desenvolvido em Maceió. O vereador também reforçou o combate à intolerância religiosa na capital, reconhecendo que é um dever do poder legislativo atuar fortemente pelo respeito e a liberdade de crença.
“O Pai Marcos tem uma vida dedicada à religião afrobrasileira e o papel desta Casa é reconhecer essa trajetória de luta e resistência. Vocês merecem o nosso respeito. Em nome do presidente desta Casa e dos 27 parlamentares, afirmo que a Câmara não vai mais aturar intolerância religiosa. Esta Casa abriu as portas para o povo da afro-religião, e elas estarão sempre abertas, porque nós respeitamos todos vocês. Estou à disposição da comunidade para discutir e propor uma legislação municipal que respeite os instrumentos espirituais das religiões de matrizes africanas”, disse Allan Pierre.
Pai Marcos recebeu a homenagem com emoção, ao reforçar que a comenda prestigia não apenas ele, mas todos os integrantes da religião. Para o babalorixá, o reconhecimento do Poder Legislativo é também uma quebra de paradigma, que permite que pais, mães e filhos de santo ocupem importantes espaços públicos e sejam integrados na construção de políticas públicas.
“É muito importante a gente trazer o povo da religião aqui, para poder ser reconhecido na sociedade e nas estradas onde a gente anda. Temos que mostrar à sociedade que somos pessoas que trazemos o bem, fazemos o bem. A gente busca evoluir, trazer a paz e proporcionar realmente a paz para todos nós”, disse.
A pesquisadora e ativista na área de direitos humanos, Maria Alcina Ramos de Freitas, participou da solenidade e citou a contribuição do babalorixá e de todos os terreiros de Maceió para a redução da desnutrição nas comunidades onde atuam, a partir do trabalho de distribuição de alimentos.
Em estudo realizado na capital, ela conta que percebeu o preconceito dos vizinhos de terreiros e iniciou junto a Pai Marcos um trabalho de desmistificação. “Essas pessoas realmente têm compromisso com a comunidade. Comecei a conhecer esse trabalho nos anos 2000, e o preconceito era muito grande. Mas começamos a entender como fazer para reduzir o preconceito e mostrar o valor da religião de matriz africana para a comunidade”, lembrou.











