Com a disputa de 2026 ainda distante no calendário, mas cada vez mais presente nas articulações de bastidores, o cenário político de Alagoas começa a passar por uma silenciosa — e profunda — reconfiguração. E nesse novo tabuleiro de alianças, um nome vem ganhando destaque: o do deputado federal Alfredo Gaspar.
Ex-procurador-geral de Justiça e ex-secretário de Segurança Pública, Gaspar tem se consolidado como um dos parlamentares mais ativos da bancada alagoana em Brasília. Seu protagonismo, no entanto, vai além da atuação técnica: ele vem assumindo, de forma cada vez mais clara, uma postura crítica em relação ao governo Paulo Dantas e ao presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor — dois nomes centrais no grupo político liderado por Renan Calheiros.
O rompimento com antigos aliados é evidente. Antes próximo do núcleo duro formado por Renan pai e filho, Alfredo Gaspar hoje adota um discurso que se distancia não apenas das práticas do governo estadual, mas também do estilo de articulação da base liderada por Marcelo Victor. Essa dissidência pode colocá-lo em rota de colisão direta com o atual grupo dominante — e também abrir espaço para que ele se posicione como alternativa viável na disputa por uma vaga no Senado.
Gaspar, inclusive, já avalia trocar de partido. Filiado atualmente ao União Brasil — sigla sob influência direta do presidente da Câmara, Arthur Lira —, o deputado federal pode ser pressionado a deixar a legenda, principalmente com o avanço das conversas que devem unir o União Brasil ao Progressistas na chamada “União Progressista”, federação comandada pelo próprio Lira.
Nesse cenário, uma mudança de sigla não apenas é provável, como pode ser estratégica. Fora da base governista estadual e com pouco espaço dentro do partido atual, Alfredo Gaspar tende a buscar uma nova estrutura que lhe dê sustentação para uma candidatura majoritária.
Enquanto isso, o senador Renan Calheiros segue sem anunciar quem será seu aliado na chapa ao Senado. Nos bastidores, sua declaração recente de que busca alguém com “serviços prestados ao estado” foi interpretada como um alerta aos aliados e uma crítica velada a possíveis nomes que surgem fora do seu controle.
A três anos das eleições, uma coisa já é certa: a política alagoana está em movimento, e Alfredo Gaspar não apenas acompanha o ritmo — ele ajuda a acelerá-lo.