Integrantes influentes do Partido dos Trabalhadores (PT) têm articulado nos bastidores para consolidar o nome do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, como o próximo indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF). A vaga será aberta com a saída antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, que confirmou sua aposentadoria nessa quinta-feira (9).
Messias está entre os nomes mais cotados para a indicação. Outros possíveis candidatos mencionados incluem o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também vem sendo lembrada com força crescente, especialmente após relatos de que o próprio Barroso teria sugerido a Lula a nomeação de uma mulher para sucedê-lo.
Mesmo com outros nomes no radar, Messias tem ganhado espaço significativo na disputa. Quadros próximos a Lula destacam a relação de confiança e fidelidade construída ao longo dos anos. Lembram que ele ocupou cargos estratégicos no governo Dilma Rousseff, incluindo o posto de subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência, em um dos momentos mais delicados da trajetória do partido no poder.
Foi durante esse período que ganhou o apelido de “Bessias”. A referência vem de um diálogo interceptado entre Dilma e Lula durante a Operação Lava Jato, divulgado publicamente por Sérgio Moro, então juiz responsável pela operação e hoje senador pelo União Brasil do Paraná. Na ligação, a então presidente avisava Lula de que “o Bessias” levaria o termo de posse da Casa Civil para ser usado, caso necessário.
O episódio, em 2016, causou instabilidade institucional e resultou na anulação da nomeação de Lula, que seria usada para garantir foro privilegiado. A gravação foi considerada ilegal posteriormente. Ainda assim, petistas lembram que Messias permaneceu fiel ao partido, mesmo desgastado pelo episódio.
Com longa atuação jurídica, Messias também atuou como procurador da Fazenda. Em 2023, foi escolhido por Lula para chefiar a Advocacia-Geral da União (AGU), cargo que vem exercendo com influência crescente em decisões estratégicas do governo.
No cargo, tem assessorado o presidente em disputas sensíveis, como embates com o Congresso e ações contra medidas econômicas dos Estados Unidos que afetam o Brasil. Fontes do Palácio do Planalto afirmam que ele teve papel central em momentos críticos, como na iniciativa de levar ao STF a defesa da manutenção do reajuste do IOF, medida que contrariava parte da base política do governo.
A vitória no Supremo, com decisão favorável do ministro Alexandre de Moraes, manteve a maior parte do decreto do Executivo e garantiu uma estimativa de arrecadação de R$ 11,5 bilhões. Além disso, o episódio fortaleceu politicamente o Planalto, com impacto positivo nas redes sociais, onde a esquerda saiu vitoriosa contra o Centrão e a oposição.