O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), informou à ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que não há como impedir a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Segundo ele, a única alternativa possível seria adiar a sessão do Congresso Nacional que dará início formal à comissão.
A reunião entre os dois ocorreu nesta quinta-feira (15), em meio às articulações políticas envolvendo o avanço da CPMI. Gleisi, que deixou de acompanhar a comitiva presidencial no funeral do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica para tratar do tema com Alcolumbre, buscava uma forma de evitar a instalação da comissão. Alcolumbre, que também esteve na viagem com o presidente Lula à China, foi enfático: com o número necessário de assinaturas já atingido — um terço da Câmara e um terço do Senado —, o regimento do Congresso determina a criação automática da comissão após a leitura do requerimento em sessão conjunta.
Essa leitura está prevista para a próxima sessão do Congresso Nacional, marcada para o dia 27 de maio. Apesar de anteriormente sinalizar que poderia “não ler” o requerimento, Alcolumbre agora admite que a única manobra viável seria o adiamento dessa sessão.
No Palácio do Planalto, há resistência à instalação da CPMI. A avaliação é de que ela poderia acabar interferindo em investigações sigilosas já em curso pela Polícia Federal e culminar em um pedido de apuração que, na prática, já está em andamento. Mesmo assim, há divisões internas no governo.
Parlamentares do PT, sobretudo no Senado, defendem que o partido assuma o protagonismo na CPMI, caso ela seja inevitável. A estratégia seria garantir o controle da comissão — cuja composição leva em conta o tamanho das bancadas — assegurando ao governo a presidência, vice-presidência e relatoria, o que permitiria ditar os rumos das investigações.
“A oposição está começando a ficar insegura. Essa CPMI tem muito mais a revelar sobre eles do que sobre nós”, afirmou um senador petista sob reserva.
Durante audiência com o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, nesta quinta, o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), declarou que defenderá o apoio do partido à criação da comissão. Em seguida, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) também assinou o requerimento, o que gerou desconforto no Planalto. A movimentação mostra que a base governista ainda busca um consenso sobre a melhor forma de lidar com o avanço da CPMI do INSS.