
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, voltou a defender nesta terça-feira (6) a redução da jornada de trabalho no Brasil. Durante um almoço na Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), em Brasília, Alckmin afirmou que a medida acompanha uma tendência global e que o avanço tecnológico torna possível produzir mais com menos mão de obra.
“Há uma tendência no mundo inteiro de redução de jornada de trabalho. Essa é uma tendência mundial porque cada vez a tecnologia permite fazer mais com menos gente”, declarou o vice-presidente, citando exemplos da automação no campo, na indústria e até mesmo no setor de serviços, como a medicina.
“É um mundo novo. A agricultura mecaniza, a indústria automatiza, robotiza, mesmo o setor de serviços, medicina, radiologia… Vai ser tudo robô. E vai porque faz a tomografia, faz o diagnóstico, prescreve. A capacidade de armazenamento de dados do computador é muito maior que a do cérebro humano”, completou.
Debate travado no Congresso
A fala de Alckmin ocorre em meio à tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 — modelo que prevê seis dias consecutivos de trabalho seguidos de um dia de descanso.
A proposta, que está parada na Câmara dos Deputados há cerca de dois meses, enfrenta resistência de alguns setores do Congresso, especialmente de parlamentares ligados ao setor empresarial. Mesmo assim, a pauta é considerada uma das prioridades do governo federal para este ano.
O debate sobre a jornada reduzida ganhou força em diversos países nos últimos anos, com experiências-piloto de semana de trabalho de quatro dias em nações como Reino Unido, Islândia e Japão, mostrando ganhos em produtividade e bem-estar dos trabalhadores. No Brasil, no entanto, a discussão ainda avança lentamente no Legislativo.
Avanço com diálogoAlckmin defende que o debate seja feito com diálogo entre os diferentes setores da sociedade, incluindo empregadores e trabalhadores. Para o governo, a modernização das relações de trabalho deve caminhar junto com a inovação tecnológica e a valorização da força de trabalho.
“É preciso avançar”, resumiu o vice-presidente, indicando que o Executivo deve seguir pressionando pela votação da matéria.
O tema promete ser um dos eixos centrais das discussões trabalhistas em 2025 e pode influenciar o cenário eleitoral, especialmente diante das transformações no mercado de trabalho impulsionadas por tecnologias como inteligência artificial e automação.