O estado de Alagoas registrou a presença de 14 laboratórios de processamento de cocaína em operação desde 2019, conforme dados do relatório “Floresta em Pó”, divulgado nesta quinta-feira (30) por organizações da sociedade civil especializadas em políticas sobre drogas.
O estudo, realizado pela Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas e pela Drug Policy Reform & Environmental Justice International Coalition, com apoio de outras entidades, indica que o Brasil contabiliza pelo menos 550 laboratórios ativos utilizados para refino e para o processo conhecido como “engorda” da droga – técnica que adiciona substâncias para ampliar o volume distribuído, principalmente no varejo.
Essas unidades integram uma rede que movimenta bilhões de reais e financia outras atividades ilícitas, como garimpo e extração ilegal de madeira. Segundo estimativas do relatório, o refino da cocaína agregou mais de R$ 30 bilhões ao mercado brasileiro, dentro de um total de US$ 65,7 bilhões faturados em 2024 com o comércio da substância.
Distribuição de lucros
- Atacado: 60%
- Varejo: 22%
- Refino: 9%
- Produção de pasta-base: 8,9%
- Cultivo: 0,01%
O levantamento sugere que, considerando as apreensões e estimativas, mais de 5 mil laboratórios podem ter operado no país no mesmo período.
A seção sobre os laboratórios foi desenvolvida pelo Instituto Fogo Cruzado, que cruzou dados obtidos via Lei de Acesso à Informação com registros jornalísticos e de órgãos públicos. O pesquisador Daniel Edler, da UERJ, destacou a carência de dados oficiais padronizados sobre o tema: “Às vezes, há informação sobre uma operação que apreendeu 500 kg de cocaína, mas sem indicar se o local era um ponto de refino”, explicou.
O estudo também mapeou as principais rotas de exportação, que passam pela Amazônia, pela rota caipira – entre Bolívia, Paraguai e Sudeste brasileiro – e pelos portos de Santos (SP), Barcarena (PA) e Santana (AP). Os principais destinos são Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda e Alemanha, além de países da África e do Caribe.
