Segundo fontes próximas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) teria provocado sua prisão domiciliar, decretada na segunda-feira (4/8) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. As fontes avaliam que o ex-presidente tenta reforçar sua imagem de vítima, especialmente enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, volta seu foco para o Brasil.
Segundo integrantes dessa ala do governo, Bolsonaro tinha plena consciência de que persistir no descumprimento das medidas cautelares resultaria em punições severas. O ministro Moraes o havia advertido claramente, especialmente após seu discurso ser divulgado nas redes sociais de aliados, logo após sua saída do Congresso na semana retrasada. Naquela ocasião, o ex-presidente estava proibido de utilizar as redes sociais, mesmo indiretamente.
Apesar de ter afirmado repetidamente que evitaria falar para não correr o risco de ser preso, Bolsonaro quebrou essa orientação no domingo (3), ao participar das manifestações de direita por meio de uma videochamada. Seu pronunciamento foi imediatamente compartilhado nas redes de seus aliados, entre eles seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Dentro dos bastidores políticos, aliados do presidente Lula avaliam que Jair Bolsonaro escolheu antecipar sua prisão para controlar o momento, sendo detido logo após uma manifestação de rua e antes da conclusão do julgamento de seu processo. Até então, tanto no PT quanto no PL, a expectativa era de que o Supremo Tribunal Federal (STF) só tomasse essa decisão após finalizar a investigação do inquérito do golpe.
Esse grupo do governo acredita que, ao forçar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro busca aproveitar a atenção que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem dedicando ao Brasil.
Recentemente, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, classificando as medidas contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas”. Nesse cenário, bolsonaristas tentam condicionar a suspensão dessa tarifa à anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e à anulação dos inquéritos que investigam o ex-presidente.