Durante seu discurso na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, na manhã desta terça-feira (23), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscou reforçar sua imagem como contraponto internacional a Donald Trump. Sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Lula destacou divergências nas áreas geopolítica, comercial e ambiental, em um momento de tensão crescente entre os dois países.
A sequência da sessão, no entanto, trouxe uma surpresa. Em seu pronunciamento logo após Lula, Trump afirmou ter “gostado” do presidente brasileiro, mesmo após um rápido e protocolar encontro nos bastidores da ONU. O líder americano ainda sinalizou abertura para negociações sobre a redução do tarifaço de 50% aplicado a diversos produtos brasileiros — medida imposta recentemente por Washington. Este foi o primeiro contato direto entre os dois desde o retorno de Trump ao poder e pode abrir caminho para uma nova reunião já na próxima semana.
Para analistas, o gesto de Trump pode não só ajudar a reduzir o clima de confronto, mas também enfraquecer a narrativa adotada por Lula desde julho, de que enfrenta um inimigo externo alinhado aos seus opositores da direita no Brasil. Essa narrativa, inclusive, tem sido utilizada como peça central na estratégia de comunicação do governo e nas movimentações iniciais da campanha pela reeleição em 2026.