Encerra-se o segundo ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente. Durante esse período, o líder petista enfrentou pressões do mercado, desafios relacionados à saúde, obteve algumas conquistas no cenário internacional e até lidou com a demissão de um ministro.
No final de 2024, o governo enfrentou pressão com a disparada do dólar, que atingiu o recorde histórico de R$ 6,30. O principal fator por trás dessa alta foi a incerteza quanto à eficácia do pacote de contenção de gastos apresentado pela equipe econômica. Embora as medidas tenham sido aprovadas na última semana de atividades do Congresso Nacional, o pacote sofreu desidratações durante a tramitação parlamentar.
Além da disparada do dólar, o governo também enfrentou a elevação da taxa básica de juros, a Selic, que ameaça desacelerar o consumo e reduzir o ritmo de investimentos no país. A expectativa é que a Selic alcance 14,5% em março. Até lá, o Banco Central estará sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado por Lula para suceder Roberto Campos Neto, alvo de críticas do presidente ao longo dos últimos dois anos.
Embora a gestão de Lula tenha enfrentado desafios no campo econômico, o governo também registrou avanços significativos. No encerramento do segundo ano de mandato, a equipe econômica conseguiu aprovar a regulamentação da reforma tributária. Além disso, o Executivo anunciou uma proposta para isentar o Imposto de Renda de trabalhadores com renda de até R$ 5 mil, medida que ainda será enviada ao Congresso para análise.
Outra crise enfrentada pelo governo neste ano resultou na demissão do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, após acusações de assédio. Uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Almeida foi demitido do cargo após a descoberta do caso, e vive recluso desde então. Com a repercussão, novos relatos e vítimas surgiram com denúncias semelhantes. As suspeitas contra ele são investigadas pela Polícia Federal (PF). No lugar dele, Lula indicou Macaé Evaristo, que assumiu o cargo em setembro.
Entre os êxitos internacionais do presidente, destaca-se a realização da reunião do G20 no Rio de Janeiro. Durante o evento, Lula apresentou a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e o G20 Social, iniciativas que permanecerão no bloco mesmo após o término da presidência rotativa do Brasil.
Outra importante conquista do ano foi a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Desde 2023, o presidente Lula realizou intensas articulações para acelerar o avanço do texto, abordando o tema em reuniões com líderes de diversos países que visitaram o Palácio do Planalto ao longo do ano.
Ao longo do ano, o presidente dedicou parte de sua agenda ao apoio a aliados nas eleições municipais. Apesar de alguns avanços em locais estratégicos, como a vitória de Evandro Leitão em Fortaleza, o PT, partido do chefe do Executivo, enfrentou reveses significativos no pleito deste ano.
O partido também celebrou a derrota de candidatos bolsonaristas, já que nenhum ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) conseguiu se eleger para a chefia de um município.
No entanto, o desempenho do PT nas eleições expôs divergências na cúpula do partido e acendeu um alerta sobre a preparação para as próximas eleições presidenciais, em 2026.
Nos últimos meses, também houve preocupação em relação à saúde do presidente. Em outubro, pouco antes de completar 79 anos, Lula sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, sua residência oficial.
O presidente acreditava ter se recuperado, mas, em dezembro, sofreu intensas dores de cabeça. Exames revelaram um sangramento intracraniano, e ele foi imediatamente transferido para São Paulo, onde o médico Roberto Kalil o acompanhou para uma cirurgia de emergência.
Dias depois, Lula precisou se submeter a mais dois procedimentos antes de receber alta médica e ser autorizado a retornar a Brasília.