O coronel Michael Randrianirina, líder do golpe militar em Madagascar, foi empossado presidente nesta sexta-feira (17), durante uma cerimônia marcada por aplausos, trombetas e espadas erguidas. A posse ocorre poucos dias após o militar assumir o controle do país, em meio a protestos liderados por jovens que resultaram na queda do ex-presidente Andry Rajoelina.
Rajoelina, que deixou o território no fim de semana, foi destituído por impeachment em votação no Parlamento. Do exílio, ele condenou o golpe e se recusou a renunciar, apesar da deserção de parte das forças de segurança e da ratificação da nova liderança pela Alta Corte Constitucional poucas horas após a tomada de poder.
O golpe recebeu condenações da União Africana e do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que pediram o retorno à ordem constitucional. A crise política foi precedida por semanas de protestos da chamada Geração Z, motivados pela grave escassez de energia e água no país.
Durante a cerimônia de posse, Randrianirina fez um juramento diante da Alta Corte Constitucional.
“Cumprirei de forma plena, completa e justa as altas responsabilidades do meu cargo de presidente da República de Madagascar”, declarou. “Dedicarei todas as minhas forças para defender e fortalecer a unidade nacional e os direitos humanos.”
Apesar do apoio inicial de parte dos manifestantes, muitos jovens demonstraram ceticismo quanto à rápida intervenção militar.
“Ainda não acabou”, disse Mioty Andrianambinintsoa, 18, estudante que acompanhava a cerimônia do lado de fora do tribunal. “Esta é apenas uma etapa. Nossos objetivos não foram alcançados.”
Outro manifestante, Francko Ramananvarivo, 23, afirmou que o grupo busca “um governo que esteja próximo do povo”.
Randrianirina anunciou que um comitê militar comandará o país ao lado de um governo de transição por até dois anos, até que novas eleições sejam organizadas.