O ex-presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), está empenhado em garantir que o Centrão preserve as posições-chave que detém no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A movimentação de Lira ocorre em meio a tensões após o Planalto sofrer uma derrota na Câmara e a Caixa Econômica Federal promover a destituição de dois nomes ligados ao bloco político.
Lira teria telefonado para a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, logo após as exonerações na Caixa. Durante a conversa, o deputado pediu cautela nas futuras mudanças e argumentou que “algumas relações ainda podem ser reconstruídas” entre o Executivo e o Legislativo, sugerindo uma via para evitar um aprofundamento da crise.
A atuação de Lira acontece em um momento em que o Palácio do Planalto tenta medir sua base de apoio no Congresso, especialmente após o revés que resultou na retirada de pauta da Medida Provisória que propunha uma alternativa ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Em um sinal de que a influência de Lira ainda é considerada pelo governo, a ministra Gleisi Hoffmann recebeu na segunda-feira (13) o presidente da Caixa, Carlos Vieira, que ocupa o cargo desde novembro de 2023 e foi uma indicação do próprio deputado.
A boa relação de Lira com o Planalto teria sido crucial para a decisão do governo de manter Vieira no comando do banco, reconhecendo o apoio do deputado em votações cruciais. Recentemente, Lira foi fundamental na aprovação do projeto de lei que visa isentar do Imposto de Renda trabalhadores que ganham até R$ 5 mil, uma pauta prioritária para a gestão Lula.
Embora Gleisi tenha sinalizado que pretende manter Vieira na presidência da Caixa, interlocutores indicam que o encontro também serviu para discutir uma lista de cortes e os possíveis substitutos para os cargos em aberto, equilibrando a necessidade de espaço para aliados com a manutenção do diálogo com o Centrão.