Mais de 1,2 milhão de brasileiros convivem com a cegueira, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O número é alarmante, especialmente porque cerca de 60% desses casos poderiam ser evitados com diagnóstico e tratamento precoces, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso representa quase 700 mil pessoas que perderam a visão de forma evitável.
A importância do tema é reforçada no Dia Mundial da Visão, celebrado nesta quinta-feira (9). Para marcar a data, a médica oftalmologista da Unimed Maceió, Arminda Theotônio, faz um alerta sobre os cuidados com a saúde ocular, destacando a necessidade de atenção contínua à visão.
Entre as principais causas de cegueira no mundo, a catarata lidera com 51% dos casos, atingindo cerca de 20 milhões de pessoas, segundo a OMS. No Brasil, surgem aproximadamente 550 mil novos casos por ano, conforme dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO). A doença, que provoca a opacificação do cristalino, pode ser identificada por sintomas como visão embaçada, sensibilidade à luz e dificuldade para enxergar à noite.
Apesar de ser uma condição comum com o envelhecimento, a catarata tem tratamento eficaz. A cirurgia de facoemulsificação, com a colocação de uma lente intraocular, é o único método capaz de restaurar a nitidez da visão. Além disso, o procedimento pode corrigir problemas refrativos, como miopia e astigmatismo, reduzindo ou até eliminando a necessidade de óculos. A especialista reforça que não é necessário esperar a catarata “amadurecer” — quanto mais cedo for tratada, mais segura e rápida é a recuperação.
Outro fator que contribui para o crescimento dos casos é o envelhecimento da população brasileira. De acordo com o IBGE, o número de pessoas com mais de 60 anos deve dobrar até 2042. Esse avanço aumenta a incidência de outras causas de cegueira, como o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doenças que também exigem diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo.
O glaucoma, por exemplo, atinge cerca de um milhão de brasileiros e pode levar à cegueira irreversível se não tratado. Grupos de risco incluem pessoas com histórico familiar, portadores de diabetes, miopia ou hipermetropia, indivíduos negros a partir dos 40 anos e pessoas acima dos 60 anos. A degeneração macular, por sua vez, compromete a visão central, dificultando atividades como ler ou reconhecer rostos, e pode ser agravada por fatores como hipertensão, tabagismo e exposição solar sem proteção.
A definição médica de cegueira vai além da perda total da visão. Enquadram-se também os indivíduos com limitação visual severa que impacta tarefas cotidianas, mesmo que ainda possuam algum grau de visão residual.
De acordo com a oftalmologista Arminda Theotônio, os cuidados com os olhos devem ser contínuos e não se restringem à prevenção da cegueira. O Dia Mundial da Visão é uma oportunidade para conscientizar a população sobre a importância de manter hábitos saudáveis e realizar acompanhamento oftalmológico regular.
Entre as recomendações da médica, destacam-se: visitas anuais ao oftalmologista, mesmo sem sintomas aparentes; uso de óculos com proteção UV; evitar colírios sem prescrição médica e coçar os olhos; manter uma alimentação rica em antioxidantes; controlar doenças como diabetes e hipertensão; e respeitar pausas visuais durante o uso prolongado de telas. Esses cuidados simples podem garantir saúde ocular e melhor qualidade de vida ao longo dos anos.