O projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais, aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados, chega ao Senado com a expectativa de tramitação rápida. O nome mais cotado para relatar a matéria na Casa é o do senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político do deputado federal, Arthur Lira (PP-AL), que comandou a articulação do texto entre os deputados.
Renan deve assumir a relatoria em meio a um ambiente de disputa velada com Lira, que busca capitalizar o sucesso da aprovação na Câmara como trunfo eleitoral para sua candidatura ao Senado por Alagoas em 2026. A indicação do emedebista para conduzir a proposta amplia a rivalidade local, mas também reforça o peso político do Senado na definição dos rumos da medida.
Embora a aprovação seja dada como praticamente certa, senadores já sinalizam a apresentação de emendas para ajustes, como a ampliação da faixa de isenção para até R$ 10 mil e mudanças nas contrapartidas aprovadas pelos deputados.
O Planalto acompanha de perto a tramitação, mas, ao contrário do que ocorreu na Câmara, a base governista no Senado tende a confiar na articulação de Renan, que já se mostrou alinhado ao discurso de justiça tributária defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A vitória de Lira na Câmara, ao rejeitar emendas e manter a espinha do texto, garantiu ao governo um respiro político após o desgaste com a PEC da Blindagem e a discussão da anistia a condenados por atos golpistas.
No entanto, no Senado, o protagonismo deve migrar para Renan, que historicamente se coloca como contrapeso ao poder de Lira em Brasília e em Alagoas. Caso a medida seja aprovada até o fim do ano, a nova faixa de isenção beneficiará cerca de 16 milhões de pessoas e começará a valer em 2026, cumprindo uma das principais promessas de campanha do presidente Lula.
Fonte: Jornal Extra