O governo de São Paulo montou um gabinete de crise para responder à recente série de casos de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. O anúncio foi feito pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta terça-feira (30/9).
O número de casos suspeitos e confirmados de intoxicação subiu para 22 no estado. Destes, cinco já foram confirmados por metanol. O número de mortes também preocupa: há uma morte confirmada por metanol e quatro óbitos sob investigação.
Ações do Comitê de Crise e Tratamento Médico
O comitê de crise terá diversas frentes de atuação para combater o problema, incluindo: Interdição de estabelecimentos suspeitos de vender bebidas adulteradas. Abertura de canais de denúncias, como o do Procon. Estruturação da rede de saúde para o atendimento de vítimas.
O secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, garantiu que as unidades de saúde já possuem o “antídoto” para o metanol e que o tratamento varia conforme o estado do paciente. Ele fez um apelo crucial à população: procurar atendimento médico imediatamente ao notar sintomas como dor abdominal, náuseas e vômito, o que é essencial para o tratamento e para o monitoramento dos casos.
Autoridades Alertam para Surto e Negam Envolvimento do PCC
Em meio às especulações, o governador Tarcísio de Freitas negou que haja evidências ligando a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) aos casos de adulteração. “Não tem evidência nenhuma de participação do crime organizado nisso,” afirmou.
Entretanto, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), ligada ao Ministério da Justiça, emitiu um alerta grave, classificando o cenário de adulteração como particularmente relevante para a saúde pública, pois pode resultar em “surtos epidêmicos” com alta taxa de letalidade. A Senad destacou que, diferentemente de intoxicações anteriores pelo uso de combustível, estes casos recentes ocorreram em “cenas sociais de consumo alcoólico” — o consumo de bebidas adulteradas.
Recomendações para Comerciantes e Consumidores
A Senad também divulgou uma nota técnica com recomendações urgentes para estabelecimentos e consumidores a fim de desencorajar a ação de falsificadores.
Recomendações aos Estabelecimentos:
Adquirir bebidas exclusivamente de fornecedores formais e regulares.
Exigir nota fiscal e conferir a chave de segurança nos canais da Receita Federal.
Não receber garrafas com lacres ou rolhas violadas, rótulos desalinhados ou de baixa qualidade, ou sem identificação clara de fabricante, importador e lote.
Manter medidas rigorosas de rastreabilidade.
Sinais de Alerta para Consumidores:
Preços muito abaixo do mercado.
Odor incompatível com a bebida.
Surgimento de sintomas indesejados após o consumo (visão turva, dor de cabeça intensa, náusea, tontura).
A nota técnica reforça o aviso: “Nessas situações, não realizem ‘testes caseiros’ (cheirar, provar, acender): tais práticas não são seguras nem conclusivas.”