O orçamento previsto pelo governo federal para universidades federais e agências de fomento à ciência e tecnologia em 2026 será 53% menor do que há 12 anos. De acordo com levantamento do Observatório do Conhecimento, apresentado nesta quarta-feira (25) na Câmara dos Deputados, a proposta do Executivo prevê R$ 17,9 bilhões para o setor, contra R$ 32,5 bilhões em 2014 — valores corrigidos pela inflação.
A análise foi feita a partir do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, enviado pelo Ministério do Orçamento e Planejamento ao Congresso no fim de agosto. Os pesquisadores destacam que, em relação a 2025, praticamente não houve recomposição: o orçamento para 2026 representa apenas 0,12% de aumento sobre os R$ 17,27 bilhões do ano anterior.
Dependência de emendas parlamentares
De acordo com a coordenadora do estudo, a professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart, a baixa receita reservada às universidades e centros de pesquisa reforça a dependência de emendas parlamentares para manter atividades básicas.
“O relatório revela que, apesar das promessas orçamentárias, o financiamento do conhecimento continua em terreno de fragilidade. Nossas universidades e centros de pesquisa enfrentam cortes reais, dependência de emendas e limitações crescentes que comprometem a soberania científica do país”, afirmou.
Cortes em investimentos estruturais
O levantamento aponta que o orçamento discricionário das universidades federais será de R$ 7,85 bilhões em 2026 — equivalente a 45% do que recebiam em 2014. Esse valor deverá ser dividido entre 69 instituições, número superior às 59 que recebiam recursos há 12 anos, o que amplia a pressão sobre os repasses.
O cenário é ainda mais crítico nos investimentos: em 2026, o montante previsto é de apenas R$ 335,9 milhões, o que corresponde a 5,67% do que foi destinado em 2014.
“Há um desmonte dos investimentos das instituições de ensino superior em curso, que impede a melhoria e expansão estrutural das universidades. O orçamento atual é insuficiente até mesmo para atividades de manutenção”, conclui o relatório.