A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, concentra 62% das áreas de usinas fotovoltaicas do país. Em Alagoas, o bioma perdeu 73% da cobertura natural, com apenas 27% de áreas nativas em 2024. O levantamento foi feito com dados da rede MapBiomas entre 1985 e 2024.
O relatório revela que o bioma perdeu 9,25 milhões de hectares de áreas naturais nos últimos 40 anos, equivalente a 14% da cobertura original. A expansão da agropecuária foi o principal vetor de transformação em todos os estados do bioma.
Em 2024, a área de vegetação nativa da Caatinga no país ainda corresponde a 51,3 milhões de hectares, com predominância de formações savânicas. Em Alagoas, o percentual de vegetação natural caiu para 27%, abaixo da média nacional do bioma, que é de 59%.

O avanço das usinas fotovoltaicas ocupa 21,8 mil hectares da Caatinga. “Essa transição, embora contribua para a matriz energética limpa do país, levanta questões sobre esse uso da terra recente no país e a conservação da vegetação nativa na Caatinga”, comenta o professor Washington Rocha.
Entre 1985 e 2024, a área antrópica no bioma aumentou 39%, somando 9,2 milhões de hectares. Pastagens ocupam 24,7% do território e cresceram 106%. A agricultura expandiu 1636%, com lavouras temporárias predominando com 74% do total agrícola.
A Caatinga sofreu queimadas em 11,4 milhões de hectares nos últimos 40 anos, área maior que Portugal. A superfície de águas naturais caiu 21%, com hidrelétricas ocupando 42% das áreas de água, concentradas na bacia do rio São Francisco.
As Unidades de Conservação abrangem 10% do território da Caatinga, ou 8,2 milhões de hectares. Nelas, houve redução de 11,8% da vegetação nativa desde 1985, representando 563 mil hectares perdidos em áreas protegidas.
Fonte: Jornal Extra