O encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Volodymyr Zelensky, ocorrido em Nova York, marcou um passo importante para a reaproximação entre Brasil e Ucrânia. A reunião, realizada durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, buscou amenizar meses de atritos diplomáticos causados por atitudes do líder brasileiro, que foram vistas por Kiev como uma postura pró-Rússia.
Segundo o próprio Lula, a conversa foi classificada como “importante” e resultou em uma promessa de que ele trabalhará para buscar soluções de paz, dialogando com líderes mundiais como o presidente dos EUA, Donald Trump.
Durante o encontro, Lula propôs a formação de um grupo de países para visitar Moscou e Kiev, com a finalidade de construir um acordo de paz. Para o presidente brasileiro, as negociações do conflito estão estagnadas, e um novo esforço diplomático seria necessário. Zelensky, por sua vez, demonstrou satisfação com a conversa, que durou cerca de uma hora, e agradeceu o que chamou de “posicionamento claro” de Lula sobre um possível cessar-fogo. O presidente ucraniano aproveitou a oportunidade para convidar Lula a visitar a Ucrânia.
A relação entre os dois países vinha se deteriorando desde 2023, quando a Ucrânia criticou a postura de Lula em relação à guerra. O ponto de maior atrito ocorreu em maio deste ano, quando Lula aceitou o convite para participar das celebrações do Dia da Vitória na Rússia, um gesto visto como um aceno a Putin. Esse episódio gerou um mal-estar tão grande que Zelensky chegou a recusar duas ligações de Lula e não nomeou um embaixador para o Brasil, o que é interpretado no meio diplomático como um sinal de descontentamento.
Reunião de Reaproximação
A reunião na ONU foi o primeiro encontro presencial entre os dois líderes em dois anos e é vista pela diplomacia brasileira como um “trabalho de resgate” nos bastidores. O diálogo foi classificado por autoridades do Itamaraty como “bem melhor” que o de 2023, demonstrando o sucesso dos esforços para a reaproximação. Uma autoridade da embaixada brasileira em Kiev afirmou que o encontro foi recebido com “muita alegria” e que o trabalho pela paz ganhou nova “dinâmica” a partir do diálogo presidencial.