Depois de quatro anos de espera e uma rotina marcada por hemodiálises, nutrição parenteral e longas internações, o arquiteto brasiliense Luiz Perillo, de 35 anos, conseguiu um doador compatível para um transplante multivisceral — um dos procedimentos mais complexos da medicina. A cirurgia foi realizada nesta terça-feira (23), em São Paulo, com a substituição de cinco órgãos: estômago, pâncreas, fígado, intestino e rim, todos provenientes de um único doador.
A mãe do paciente, Jussara Martins, de 60 anos, relatou a emoção de receber a notícia durante a madrugada. Segundo ela, os últimos anos foram marcados por incertezas e pelo risco constante de morte do filho, que chegou a pesar apenas 34 kg devido à perda grave de massa muscular. Ainda assim, Luiz manteve uma rotina de exercícios para se preparar fisicamente para a cirurgia.
O transplante multivisceral passou a fazer parte do protocolo do SUS apenas em fevereiro deste ano, após decisão do Ministério da Saúde. O procedimento pode custar até dez vezes mais que um transplante comum, e atualmente é realizado em cerca de cinco hospitais no Brasil. Para especialistas e pacientes, a incorporação representa um avanço histórico no acesso a tratamentos de alta complexidade.
Luiz agora se junta ao grupo restrito de pessoas que já passaram por esse tipo de transplante no país. Em 2024, foram realizados 9,4 mil transplantes no Brasil, mas apenas dois desse tipo. Atualmente, outras seis pessoas aguardam na fila. Para que casos como esse sejam possíveis, é essencial que a população manifeste em vida a vontade de ser doador e converse com a família sobre o tema.