Membros do PL precisaram agir para apaziguar a disputa entre os deputados Eduardo Bolsonaro (SP) e Nikolas Ferreira (MG), que ganhou força em meio à tensão causada pelas tarifas americanas ao Brasil. Com a ajuda de mediadores, os parlamentares foram levados a uma conversa telefônica para selar uma trégua. Apesar do desejo de que o cessar-fogo se mantenha, há receio de que Eduardo, atuando sem restrições em Washington, possa retomar ataques nas redes contra seus aliados.
Em meio à investigação que apura brasileiros que apoiam o tarifaço dos EUA, Jair Bolsonaro foi proibido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, de manter contato com Eduardo Bolsonaro. Essa decisão complica o trabalho coletivo de mediação dentro do PL, que já vinha tentando conter os conflitos entre os deputados.
No PL, Jair Bolsonaro é frequentemente acionado como mediador para pôr fim a disputas internas. Foi ele, por exemplo, quem conseguiu apaziguar o conflito entre seu filho, Eduardo Bolsonaro, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que manteve uma postura ambígua em relação ao tarifaço.
Eduardo, por sua vez, condiciona o fim das tarifas à suspensão dos inquéritos contra o ex-presidente e à concessão de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro.
Sem poder se comunicar com o pai, Eduardo Bolsonaro pode intensificar suas críticas, mirando novos alvos ou até mesmo retomando ataques contra Nikolas Ferreira. Na segunda-feira (28), ele publicou no X uma crítica ao colega, considerado no PL uma espécie de “guru” da comunicação. Aliados acreditam que esse comportamento tende a se agravar.
Desde fevereiro, Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos, onde busca influenciar a imposição de sanções contra autoridades brasileiras que, segundo ele, perseguem seu pai judicialmente e atentam contra a liberdade de expressão.
No entanto, a medida tarifária anunciada por Trump, com o objetivo de pressionar as instituições brasileiras em favor de Bolsonaro, acabou fortalecendo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após criticar publicamente Nikolas Ferreira por, segundo ele, não apoiar adequadamente a defesa do ex-presidente, o deputado paulista passou a monitorar quem estava ao seu lado nessa disputa.
O desentendimento entre os dois começou com essa acusação. Na ligação que pôs fim à rivalidade, eles encontraram um inimigo comum no ministro Alexandre de Moraes e concordaram que o parlamentar de Minas ajudaria na mobilização contra o STF.
O Desafio do PL para 2026
Nos bastidores do PL, aliados apontam que a rivalidade entre Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira está ligada às ambições eleitorais de ambos. Enquanto Eduardo busca se firmar como uma opção da direita para a disputa presidencial de 2026, o deputado de Minas é apontado como um possível candidato para eleições futuras.
Apesar disso, o partido teme que a postura de Eduardo em relação ao tarifaço não prejudique apenas suas chances como candidato, mas também comprometa a imagem de qualquer outro nome que o PL venha a lançar. Além disso, permanece a dúvida sobre o retorno do “filho 03” de Bolsonaro ao Brasil.
Enquanto isso, outros pré-candidatos de direita, como os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União-GO), têm evitado se envolver na crise.













