O estudo divulgado terça-feira, 29, pelo Ministério dos Transportes e anunciado pelo próprio ministro Renan Calheiros Filho, senador do MDB/AL, propondo alterações no processo de obtenção da CNH – Carteira Nacional de Habilitação, provocou diversas reações contrárias.
A proposta estabelece que as provas teórica e prática sejam mantidas, mas permite que o candidato poderia estudar de forma online, além de determinar que as aulas de direção não precisariam ser conduzidas por um instrutor credenciado a uma autoescola – o que diminuiria o custo do documento em cerca de 80%.
Por exemplo, Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária, instituição responsável pela campanha de segurança viária “Maio Amarelo”, diz que a forma como a campanha foi colocada pelo ministro Renan Filho é preocupante:
“Sobretudo no que se refere ao alinhamento com o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito e com os princípios que orientaram a construção da proposta de uma nova formação de condutores”.
E acrescenta:
“A retirada da exigência de formação estruturada, conforme sugerido na declaração, contraria diretamente essa diretriz, pois ignora a função educativa essencial do processo de habilitação. Não se trata de resistir à mudança, mas de garantir que ela não venha acompanhada de retrocessos.”
Para Cecília Bellina, psicóloga especializada em ajudar pessoas a enfrentar o medo de dirigir, o processo atual de formação de condutores no Brasil é ruim e pode piorar:
“Ele é feito para que as pessoas aprendam a passar e obter a CNH, mas não para que aprendam a dirigir. Existem diversas marcações que o instrutor precisa ensinar para os candidatos, somado ao conteúdo teórico, que é fundamental. Na minha visão, a disciplina de educação no trânsito deveria estar na grade curricular a partir do ensino infantil até os 18 anos, o que já está previsto na legislação, mas nunca foi implementado pelo Ministério da Educação”.
Fonte – Blog do Flávio Gomes de Barros