Durante discurso na última sessão da cúpula do Brics, realizada nesta segunda-feira (7) no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas aos incentivos do mercado à produção de petróleo, gás e cimento, setores que, segundo ele, estão entre os maiores responsáveis pelas emissões de carbono no planeta.
“80% das emissões de carbono são produzidas por menos de 60 empresas. A maioria atua nos setores de petróleo, gás e cimento. Os incentivos dados pelo mercado vão na contramão da sustentabilidade”, afirmou Lula. Ele destacou ainda que, apenas no ano passado, os 65 maiores bancos do mundo destinaram 869 bilhões de dólares em financiamentos ao setor de petróleo e gás.
Em sua fala, o presidente brasileiro alertou para o avanço do aquecimento global em “ritmo mais acelerado que o previsto” e defendeu a necessidade de triplicar a geração de energias renováveis e dobrar a eficiência energética como parte de uma resposta urgente à crise climática.
Lula também apresentou iniciativas do Brasil voltadas ao financiamento climático. Entre elas, mencionou a Declaração-Quadro sobre Finanças Climáticas do Brics, lançada durante a cúpula, que propõe novas fontes e modelos alternativos de financiamento para uma transição energética sustentável.
Outra aposta do governo brasileiro é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado oficialmente durante a COP30, em novembro, em Belém (PA). A proposta do fundo é remunerar os serviços ambientais prestados pelas florestas tropicais ao planeta.
O presidente aproveitou ainda para cobrar a promessa feita no Acordo de Paris, firmado em 2015, ressaltando que, passados quase dez anos, ainda faltam recursos concretos para uma “transição justa e planejada”.
“Os países em desenvolvimento serão os mais impactados por perdas e danos. São também os que menos dispõem de meios para arcar com mitigação e adaptação”, concluiu Lula.