A atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou ao centro de uma controvérsia no Congresso Nacional. Um grupo de parlamentares da Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou um requerimento que pede à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue o chefe do Executivo por suposta tentativa de interferência nas apurações sobre fraudes bilionárias envolvendo o INSS.
O pedido, protocolado pelo deputado federal Evair de Melo (PP-ES), cita declarações de Lula feitas em uma coletiva no início de junho. Na ocasião, o presidente defendeu que a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União agissem com “muita cautela” ao lidar com entidades suspeitas de envolvimento em irregularidades. Apesar de afirmar que “quem errou deve pagar”, a oposição interpretou as falas como uma tentativa de influenciar o ritmo e a condução das investigações.
O documento ainda destaca o vínculo de José Ferreira da Silva, o Frei Chico — irmão do presidente — com o Sindicato Nacional dos Aposentados, uma das entidades alvo da Operação Sem Desconto, que apura o uso indevido de dados de beneficiários para aplicação de descontos não autorizados.
De acordo com estimativas da Polícia Federal, os prejuízos causados pelo esquema podem superar R$ 8 bilhões, considerando irregularidades cometidas desde 2016. Os alertas sobre as fraudes vinham sendo feitos desde antes da operação, por órgãos como o TCU, a CGU e o próprio INSS.
A autorização para envio do requerimento à PGR ainda depende da decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que deve se posicionar após o recesso de São João.
Paralelamente, o Congresso instalou uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o caso. A comissão contará com 30 membros e terá até 180 dias para apresentar um relatório, com possibilidade de prorrogação. Os trabalhos também devem aprofundar o debate sobre a responsabilidade institucional e política diante das fraudes.