A família de Yara Rohsner, menina capixaba que ficou conhecida nacionalmente por sua luta contra um câncer infantil, denunciou ainda em 2023 que fotos da criança estavam sendo usadas indevidamente na internet. Golpistas criaram campanhas falsas de arrecadação utilizando imagens da menina e comoveram o público com vídeos apelativos, alegando que outra criança — fictícia — precisava de cirurgia nos EUA. A mãe de Yara, Jéssica Rohsner, chegou a alertar nas redes sociais sobre os perfis falsos.
Yara sofria de neuroblastoma e chegou a fazer 232 sessões de quimioterapia, celebrando uma cura parcial ao cantar “Let It Go”, do filme Frozen. Ela faleceu em janeiro de 2025, após complicações da doença. Durante o tratamento nos Estados Unidos, a família conseguiu apoio do SUS e arrecadações legítimas pela internet para custear a viagem e parte do tratamento experimental no país.
A Polícia Civil do Espírito Santo começou a investigar o caso após denúncia feita pela própria mãe, quando Yara ainda estava viva. A operação policial identificou o casal responsável pelos golpes em Riacho Fundo I, no Distrito Federal. Um homem de 21 anos e sua ex-namorada de 22 anos foram presos após confessarem que usavam imagens de crianças doentes para criar vaquinhas falsas desde 2022.
Além do caso de Yara, outras sete campanhas fraudulentas estavam ativas. Os golpistas utilizaram o dinheiro arrecadado para abrir negócios e adquirir carros de luxo. Uma terceira mulher, que seria responsável por movimentar as contas bancárias das falsas doações, ainda está foragida. Os três envolvidos poderão responder por associação criminosa e estelionato eletrônico, com penas que variam entre 4 e 8 anos de prisão.