Voo da Air India caiu poucos segundos após decolar de Ahmedabad com destino a Londres; vítima britânica descreve caos e busca pelo irmão desaparecido

Um acidente aéreo de grandes proporções envolvendo um Boeing 787‑8 Dreamliner da Air India deixou ao menos 240 mortos nesta quinta-feira (12), após a aeronave cair 30 segundos após a decolagem no estado de Gujarat, na Índia. O voo AI171 seguia para Londres, no Reino Unido, com 230 passageiros a bordo. Segundo as autoridades sanitárias locais, um sobrevivente foi encontrado com vida entre os destroços.
O britânico Vishwash Kumar Ramesh, de 40 anos, relatou ao jornal Hindustan Times os momentos de terror vividos durante e após o acidente. “Trinta segundos depois da decolagem, ouvi um barulho alto e, em seguida, o avião caiu. Tudo aconteceu muito rápido”, disse ele, que sofreu ferimentos no peito, olhos e pés e está internado no Hospital Civil de Asarwa, em Ahmedabad.
Segundo testemunhas, o avião perdeu altitude logo após deixar a pista, colidindo com o solo nas proximidades do terminal e atingindo ao menos três prédios antes de pegar fogo. O impacto foi descrito como violento e imediato, espalhando destroços e corpos pelo local.
“Quando acordei, havia corpos por todos os lados. Fiquei em pânico. Me levantei e saí correndo. Alguém me colocou em uma ambulância e me trouxe ao hospital.”, relatou Vishwash, ainda abalado.
Morador de Londres há duas décadas, ele estava na Índia para visitar parentes e voltava ao Reino Unido com o irmão, Ajay Kumar Ramesh, de 45 anos, que estava sentado em outra fileira. Vishwash ainda não conseguiu localizá-lo.
“Visitamos Diu juntos. Ele estava comigo e agora não consigo encontrá-lo. Por favor, me ajudem a achá-lo.”, pediu, emocionado.
No hospital, o clima era de desespero entre familiares e amigos, que buscavam por informações de passageiros desaparecidos. Em Londres, onde o voo deveria ter aterrissado, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer classificou as imagens do acidente como “devastadoras”. Já o rei Charles III declarou estar “profundamente chocado”, destacando a solidariedade às famílias das vítimas e o trabalho dos socorristas.
“Nossas orações especiais e a mais profunda solidariedade estão com as famílias e amigos de todos os afetados por este incidente trágico e terrível em tantas nações, enquanto aguardam notícias de seus entes queridos”, disse o monarca em nota oficial.
Primeira tragédia fatal com o modelo DreamlinerEsta é a primeira ocorrência fatal envolvendo o Boeing 787‑8 Dreamliner desde sua entrada em operação, em 2011. O modelo é considerado moderno, eficiente e confiável, e faz parte da frota da Air India, que o utiliza principalmente em rotas internacionais de longa distância.
Com capacidade para até 250 passageiros, o Dreamliner é conhecido por seu baixo consumo de combustível, janelas maiores com escurecimento eletrônico, e fuselagem em materiais compostos, como fibra de carbono. Ainda assim, falhas já foram registradas com passageiros a bordo, embora sem mortes, até o momento.
Em abril de 2024, a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA abriu uma investigação após denúncias de que partes da fuselagem do 787 poderiam ter sido fixadas incorretamente, apresentando risco de ruptura em voo. A Boeing afirmou estar coletando informações sobre o acidente na Índia.
A fabricante americana, que ainda enfrenta processos por dois desastres fatais com o 737 Max em 2018 e 2019, que mataram 346 pessoas, chegou a um acordo judicial nos EUA para evitar responsabilidade criminal pelos casos, mas o processo ainda aguarda a decisão de um juiz e enfrenta resistência de famílias das vítimas.
A Air India e autoridades indianas ainda não divulgaram as causas oficiais do acidente. Equipes de resgate seguem atuando na área e a investigação permanece em andamento.











