Debate sobre Imposto de Renda esfria nos bastidores do Congresso, enquanto relator tenta equilibrar contas e alianças
A promessa de reformar o Imposto de Renda neste semestre começou a perder força antes mesmo de sair do papel. O que era uma das vitrines econômicas do governo federal agora revela, nos bastidores de Brasília, as dificuldades de articulação entre Executivo e Legislativo — e coloca o deputado Arthur Lira (PP-AL), relator da proposta, no centro de um impasse fiscal e político.
Com dificuldades para encontrar uma compensação que evite perda de arrecadação, o texto ainda está longe de um consenso. Parlamentares já admitem que a votação deve ser empurrada para o segundo semestre, após o recesso. Mais do que um entrave técnico, o que trava a reforma é o ambiente político instável e a falta de sintonia com o Palácio do Planalto.
Fontes próximas ao parlamentar relatam que Lira tem se mostrado cético quanto à viabilidade do cronograma anunciado em maio. A recente tentativa do governo de aumentar o IOF sem costura política só agravou o desgaste e reforçou a percepção de que a reforma, se avançar, será com cortes significativos em seu conteúdo original.
O risco, agora, é de que a proposta chegue ao plenário desidratada — e distante da ambição de modernizar o sistema tributário.