
Com a abertura do conclave nesta quarta-feira (7/5) para eleger o novo líder da Igreja Católica, uma das curiosidades que volta ao centro das atenções é a escolha do nome papal. Apesar de não existir uma norma oficial no Código de Direito Canônico que regulamente esse processo, a tradição e o simbolismo desempenham papel fundamental nesse momento.
Assim que é eleito, o novo papa decide como será chamado durante o exercício de seu pontificado. A escolha costuma refletir valores espirituais, homenagens e inspirações pessoais. Em geral, o nome adotado remete a algum antecessor ou a um santo cuja trajetória e virtudes são admiradas pelo novo pontífice.
Exemplos recentes
O papa Francisco, falecido em 21 de abril, foi o primeiro a escolher esse nome na história da Igreja. Jorge Mario Bergoglio optou por homenagear São Francisco de Assis, conhecido por sua simplicidade, desapego material e dedicação aos pobres.Seu antecessor, Bento XVI (Joseph Ratzinger), explicou que sua escolha teve duas motivações: a figura pacificadora do papa Bento XV, que atuou durante a Primeira Guerra Mundial, e São Bento de Núrsia, fundador da ordem beneditina e copadroeiro da Europa.
Já João Paulo II (Karol Wojtyła) prestou homenagem direta a seu antecessor imediato, João Paulo I, que faleceu apenas 33 dias após sua eleição. João Paulo I, por sua vez, havia reunido os nomes de dois papas recentes e marcantes: João XXIII e Paulo VI.Curiosamente, João Paulo I acrescentou “o primeiro” ao seu nome papal, algo que só ocorre quando há perspectiva ou expectativa de um sucessor com o mesmo nome — o que de fato se concretizou.
Tradições e exceções
Embora não haja uma proibição formal, existe um consenso tácito no Vaticano de que nenhum pontífice deve adotar o nome “Pedro”, como forma de respeito ao apóstolo São Pedro, considerado o primeiro papa da história da Igreja.
A tradição de trocar o nome de batismo começou no século VI, com o papa João II, que se chamava Mercúrio. Como o nome fazia referência a um deus pagão, ele julgou inadequado mantê-lo no comando da Igreja e adotou um nome cristão, iniciando um costume que persiste até hoje.
Outra convenção não escrita é a de que o nome escolhido deve ser masculino, mesmo que existam ordens religiosas nas quais homens adotam nomes femininos em homenagem a santas. Nunca houve, por exemplo, um papa com o nome “Maria”.
Nomes mais usados
Desde a adoção dos nomes papais, alguns se tornaram recorrentes ao longo dos séculos. Os cinco mais populares são: João, Gregório, Bento, Clemente e Inocêncio — todos associados a figuras históricas que marcaram seus períodos à frente da Igreja.
Com a expectativa de um novo pontífice nos próximos dias, a escolha do nome será um dos primeiros sinais públicos de como o futuro papa pretende se posicionar espiritualmente e pastoralmente diante dos desafios do mundo atual.
Fonte: Metropolis