Um homem passou nove anos trabalhando como empregado doméstico sem registro em carteira, sofrendo violência física, sexual e psicológica. Já uma mulher permaneceu seis meses sob condições semelhantes, caracterizadas como trabalho análogo à escravidão. As vítimas foram atraídas por promessas de moradia, alimentação e oportunidades de estudo, feitas por três suspeitos — um contador, um administrador e um professor — que mantinham uma instituição de ensino.
O trio, que formava um trisal, usava redes sociais para recrutar pessoas LGBT+ em situação de vulnerabilidade social e afetiva. Durante a investigação, ficou claro que o objetivo era conquistar a confiança das vítimas para, em seguida, submetê-las a abusos. As denúncias chegaram por meio do Disque 100 e apontavam práticas graves como cárcere privado, exploração sexual e trabalho forçado.
Durante a fiscalização, os auditores constataram que o homem de 32 anos sofreu abusos sexuais que eram filmados e usados para chantageá-lo, impedindo que ele denunciasse ou fugisse. A mulher não foi agredida diretamente, mas presenciou os maus-tratos sofridos pelo colega. Ela contou que recebia valores irrisórios como pagamento e, após sofrer um AVC em dezembro, foi abandonada pelos empregadores.
Os três suspeitos foram presos em uma operação coordenada pelo Ministério do Trabalho e levados para a penitenciária em Uberaba. Após o resgate, as vítimas foram acolhidas por instituições como a UFU e a Unipac, onde recebem apoio médico, psicológico e jurídico para se recuperarem dos traumas sofridos.