A Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) voltou a cobrar medidas efetivas das autoridades nesta terça-feira (30) para combater o avanço da falsificação de bebidas no Brasil. O alerta, segundo a entidade, é urgente diante da gravidade do problema no setor.
Esse não é o primeiro aviso da federação sobre o tema. Em abril deste ano, a Fhoresp já havia divulgado dados preocupantes por meio de uma pesquisa conduzida pelo seu Núcleo de Pesquisa e Estatística. O estudo revelou que 36% das bebidas comercializadas no país são fraudadas, falsificadas ou até contrabandeadas.
O relatório também destacou que vinhos e destilados estão entre os produtos mais frequentemente adulterados. No caso da vodca, por exemplo, estima-se que uma em cada cinco garrafas vendidas no território nacional seja falsificada, o que representa risco à saúde e prejuízos ao setor legalizado.
Representando cerca de 500 mil estabelecimentos paulistas, como bares, hotéis, restaurantes e padarias, a Fhoresp defende a implementação de ações coordenadas pelas autoridades para desmontar os esquemas de falsificação. De acordo com o diretor-executivo Edson Pinto, o problema já havia sido apontado há seis meses, com dados concretos.
Apesar disso, a federação reconhece que a maioria dos bares e restaurantes atua de forma correta, mas destaca que esses também acabam sendo prejudicados por fornecedores que comercializam bebidas adulteradas. A entidade reforça a importância de fortalecer a fiscalização para proteger tanto os consumidores quanto os empresários comprometidos com a legalidade.
Casos de intoxicação por metanol
Três mortes foram registradas nos últimos dias em decorrência da ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol em São Paulo. Uma das vítimas estava na capital e as outras duas em São Bernardo do Campo, sendo a segunda morte na cidade do ABC confirmada nesta segunda-feira (29).
Desde o mês de junho, o Centro de Vigilância Sanitária (CVS), vinculado à Secretaria Estadual de Saúde, contabilizou seis casos confirmados de intoxicação por metanol. Além dos óbitos, outros dez casos suspeitos ainda estão sob investigação pelas autoridades de saúde.
A gravidade do problema foi reforçada por análises do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campinas, que confirmou a presença de metanol em amostras coletadas. Essa substância é um álcool industrial extremamente tóxico, e sua ingestão, mesmo em pequenas quantidades, pode causar sintomas severos como tontura, náuseas, convulsões, além de danos permanentes ao sistema nervoso, fígado e visão.
Um dos casos mais emblemáticos foi o do jovem Diogo Marques, de 23 anos, que ficou temporariamente cego após consumir a bebida contaminada. Ele precisou de internação para desintoxicação e conseguiu se recuperar, ao contrário de seu amigo, Rafael Martins, que permanece hospitalizado há um mês com sérias complicações.
As autoridades continuam em alerta, enquanto crescem os apelos por medidas mais rígidas de fiscalização e combate à falsificação de bebidas alcoólicas, prática que ameaça a saúde pública e já cobrou vidas.