Uma variação gourmetizada de morango com cobertura “invadiu” as redes sociais nos últimos dias e passou a gerar lucros quase inesperados para doceiras, que chegam a vender a unidade por uma média de R$ 15 — podendo custar ainda mais. Em Maceió, o Morango do Amor, releitura do clássico maçã do amor, caiu nas graças do público e virou tendência, impulsionando negócios.
É o caso da empreendedora Izabele Santos, que viu sua produção artesanal viralizar em poucos dias.
“Começamos a trabalhar com o Morango do Amor há cerca de 40 dias”, conta Isabele. “Tudo começou quando minha irmã, que é influenciadora digital, me pediu para preparar os morangos para uma ação especial. Ela sabia que eu dominava a técnica da maçã do amor, mas ainda não tinha encontrado um morango com o sabor, brilho e crocância ideais. Fiz, ela divulgou, e então os pedidos começaram a chegar em massa.”
A repercussão foi imediata: em poucas semanas, o que começou com cerca de 80 unidades por dia, feitas com o que havia disponível em casa, se transformou em uma operação profissional. “Hoje temos estrutura adequada, equipe exclusiva e até panela mexedora industrial. Produzimos, em média, 480 morangos por semana, de segunda a sábado.”
O maior desafio atual, segundo Izabele, é lidar com a logística de entregas. A missão é garantir que os morangos — que têm uma casquinha crocante de açúcar — cheguem aos clientes ainda fresquinhos. “Fazemos de tudo para entregar tudo até a meia-noite. É uma corrida diária contra o tempo”, afirma.
E o crescimento do negócio tem sido orgânico: “Nosso público vem quase que totalmente das redes sociais, principalmente do Instagram. Também contamos com o bom e velho boca a boca, que tem funcionado muito bem.”
Bastou aparecer nas redes sociais para o doce “bombar” e gerar lucro para muita gente, desde quem resolveu se aventurar na novidade até profissionais que já atuavam com outras guloseimas. É o caso de Larissa.
“Comecei na semana passada a fazer os testes antes de colocar para venda. Ele não tem um preparo tão simples, requer atenção. Iniciei as vendas nessa terça-feira (22), por meio de reservas. Por ser um produto perecível, é mais viável trabalhar dessa forma e produzir apenas o que já foi encomendado”, conta Larissa Lopes dos Santos Silva, 36 anos.
“No primeiro dia, vendemos 60 unidades. Um número bem acima do previsto, pois começamos com 30 reservas e superamos no decorrer do dia. A margem de lucro em relação ao custo da receita é bem significativa. Posso dizer que ultrapassa os 100%”, comemora. O faturamento em um único dia chegou a R$ 900″, completou.
O ritmo intenso de encomendas lembra o período da Páscoa: alta demanda de produção, filas e escassez de insumos. O doce virou sensação nas redes sociais, e as confeiteiras estão se desdobrando para atender os pedidos.
“Com certeza, o hype veio totalmente das redes sociais e viralizou muito rápido. Esse produto já existia, mas não era tão percebido pelo público. Lembro de ter visto ele em uma confeitaria na Bahia há uns dois ou três anos”, relata a doceira.
QUALIDADE DA FRUTA
Transformar o morango vendido em feiras e supermercados em “morango do amor” exige atenção com a qualidade da fruta, a temperatura da calda e a consistência do brigadeiro.
“Só agora, em 2025, foi que explodiu e tomou conta tanto de quem trabalha na área quanto de curiosos que decidiram produzir e provar o produto”, conclui Larissa.
DESAFIOS DA RECEITA
Embora simples na aparência, a receita é exigente na execução. “O segredo está nos detalhes. O brigadeiro precisa estar em temperatura ambiente, o morango tem que estar seco e fresco. E caramelo é o grande desafio”, explica a confeiteira Jáila Márcia, do Mato Grosso do Sul.
Segundo ela, muitos desistem logo na primeira tentativa. “Tem gente chamando de ‘morango do ódio’, porque não dá certo de primeira. Alguns deixam o caramelo duro, ele gruda no dente, amarga ou até queima o morango. Mas a verdade é que tem que ter paciência, prática e bons ingredientes”, reforça.
Foto: GazetaWeb