A escolha de Jair Bolsonaro (PL) por Flávio Bolsonaro (PL) como seu nome para a disputa presidencial de 2026 abriu uma fissura imediata na direita. A revelação, feita nesta sexta-feira (5/12) pela coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles, expôs o conflito entre o núcleo mais fiel ao ex-presidente e o grupo que defendia a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nas redes sociais, aliados mais próximos de Bolsonaro comemoraram o anúncio. “Meu candidato para 2026 chegou”, escreveu um apoiador, publicando uma imagem feita por inteligência artificial de Flávio com a faixa presidencial. Outro declarou: “Flávio Bolsonaro no primeiro turno. Sendo bolsonarista, tem de seguir os passos do capitão. Ele falou, tá falado”.
O ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten endossou a escolha: “Toda decisão do ex-presidente é soberana”.
Reações negativas e frustração entre tarcisistas
Já entre os apoiadores de Tarcísio, o sentimento dominante é de decepção. Uma usuária ironizou: “No primeiro turno voto no Renan Santos, no segundo voto no Lula, contra o Flávio rachadinha”. Outra escreveu: “Bolsonaro me fazendo votar no Lula. No Lula, cara”.
Críticas também apontaram autossabotagem política: “A gente percebe que o Bolsonaro não está regulando bem quando prefere indicar o Flávio e mofar na cadeia a indicar o Tarcísio. E vamos de mais quatro anos de Lula”.
Usuários ainda relacionaram o anúncio à reação do mercado financeiro, lembrando do chamado “Trade Tarcísio” como impulsionador recente da alta do Ibovespa e da queda do dólar.
Para muitos do campo mais moderado da direita, Tarcísio era considerado o único nome competitivo. “O único que tinha alguma chance era o Tarcísio”, lamentou um apoiador.
Movimento estratégico
Mesmo diante das críticas, a indicação de Flávio é tratada como estratégico dentro do clã Bolsonaro. Preso na sede da Polícia Federal e inelegível, Jair Bolsonaro acredita que o filho mais velho tem um perfil mais moderado, maior capacidade de articulação e palanques relevantes — entre eles, o do próprio Tarcísio e o do governador do Rio, Cláudio Castro (PL).
A expectativa é que o senador intensifique viagens pelo país e adote uma agenda de pré-campanha para aumentar sua visibilidade nacional.
A decisão também reorganiza o cenário da direita. Michelle Bolsonaro deve concorrer ao Senado pelo Distrito Federal, enquanto o vice na chapa de Flávio deve vir de um partido de centro. No campo governista, petistas defendem que Geraldo Alckmin (PSB) repita a chapa com Lula.
Segundo a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, Flávio comunicou pessoalmente a decisão a Tarcísio em encontros recentes em São Paulo.

